@MASTERSTHESIS{ 2018:2031250875, title = {O PROJETO DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ADAUTO BOTELHO DE GOIÂNIA EM UMA HISTÓRIA DA LOUCURA NO BRASIL (1930-1950)}, year = {2018}, url = "http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/3923", abstract = "Esta dissertação é um estudo histórico acerca do modo como as relações de poder possibilitaram a projeção do Hospital Psiquiátrico Prof. Adauto Botelho. Trata-se, portanto, de um estudo cujo objetivo é tentar mostrar os movimentos que possibilitam a concepção, o projeto e a construção dessa instituição, que fazem do Adauto um acontecimento no interior da cultura nacional e regional. Construída em Goiânia e inaugurada em 1954, essa instituição faz parte de um processo pretensioso de modernização, civilização e melhoramento da raça, presente no Brasil, desde pelo menos meados do século XIX. Nesse sentido, o primeiro capítulo desta dissertação tenta mostrar que há alinhamentos entre às matrizes teóricas da psiquiatria que se desenvolvem já no século XIX na Europa, até chegar ao Brasil. Esses saberes reorientarão a teoria degenerascionista por meio dos princípios eugênicos, influenciando as teorias psiquiátricas no Brasil. Nesse período, especialmente após a emergência da eugenia como teoria que organizaria os saberes médicos, toma força no Brasil, principalmente alinhado com os ideais de sanitarismo e higienismo, no contexto da Primeira República, um saber psiquiátrico com pretensões médicas e vontade de organizar as relações sociais. Orientados por essa perspectiva científica, o combate aos considerados males que permeiam o país se torna política nacional, cuja principal frente de combate é o interior do Estado brasileiro. Os rumores da civilização também espreitavam Goiás, no final do século XIX já se falava em mudar a capital para um local mais centralizado. É nessa perspectiva que o segundo capítulo desta pesquisa discute o modo como o saber médico influenciará as transformações ocorridas em Goiás, impulsionadas pelos vultos civilizatórios e modernizantes. As fontes indicam que era preciso colocar Goiás na rota do progresso, melhorar sua população, modernizar o Estado. Para isso, ainda nesse capítulo as fontes mostraram que as vozes do poder bradavam em prol da criação de instituições que disciplinassem a cidade, por meio do disciplinamento dos corpos desviantes. Tendo isso em vista, ainda no segundo capítulo, os vários tipos de desviantes foram aparecendo: desde representações generalistas como bobo, idiota, débil, alienado, descrita na década de 1930, por Pedro Ludovico Teixeira, passando por André Louco, figura apresentada por Bernardo Élis, até figuras icônicas como Maragã, descrita por Cora Coralina, a loucura em Goiás mostrou-se como uma imagem do cotidiano. Mas esse cenário deveria ser mudado com a construção da nova capital, local idealizado e sonhado para ser o lugar por excelência da civilização e da modernidade. Diante desse cenário, não obstante os conflitos envolvendo a construção de Goiânia, no terceiro capítulo, analisamos a narrativa em prol da construção das instituições de melhoramento. Entre os males a se combater estava a loucura. Mostramos ainda que é somente a partir de 1946, com o avanço das políticas do Serviço Nacional de Doença Mental, alinhado à pretensão em se combater os indivíduos que causavam a desordem social, que as discussões sobre uma instituição psiquiátrica pública entram efetivamente na agenda de Goiás. Ao observar o contexto nacional, no terceiro capítulo desenvolve-se a análise segundo a qual o Adauto de Goiás (1954) faz parte de uma política nacional de expansão das instituições asilares, com pelo menos, mais quatro Adautos construídos no Brasil durante a década de 1950: no Paraná (1954), no Espírito Santos (1954), em Sergipe, em Mato Grosso (1957). Ainda nesse capítulo, apresentamos a tese da existência de um ideário eugenista em Goiás e no Brasil, uma vez que, como mostram os discursos de inauguração, esse hospital deveria ser um dos lugares de melhoramento da raça engendrado no interior do Brasil. Mais do que combater os anormais, o Adauto será representado como aquela instituição responsável por criar uma ruptura no próprio modo como se narraria a história do Estado. Na perspectiva dos idealizadores do hospital e da sociedade, depois do Adauto, o que se narraria seria uma história que se pretendia civilizada e organizada, uma história de um Estado caminhando para o progresso, uma parte do Brasil que se representaria como civilizada e melhorada.", publisher = {Pontifícia Universidade Católica de Goiás}, scholl = {Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em História}, note = {Escola de Formação de Professores e Humanidade::Curso de História} }